#BlogDoEscreva: Primeira ou terceira pessoa?
Muitos redatores se confundem ou tem dúvidas sobre o uso da pessoa do discurso na construção do texto dissertativo-argumentativo. Afinal, o correto seria usar a primeira (eu, nós) ou a terceira (ele, ela)? Na verdade, ambas as formas estão corretas, pois o mais importante é exibir a opinião com bons argumentos, coerência e coesão, entretanto saiba que essa escolha requer atenção.
O incentivo ao uso da terceira pessoa não é aleatório, é argumentativo. Quando a escrita está nesta voz, o autor do texto se revela um observador social e, assim, é capaz de demonstrar que seu ponto de vista não é genuinamente particular, porém faz parte de um grupo, de uma maioria, e isso dificulta a contra argumentação.
Por outro lado, a força persuasiva é menor quando alguém argumenta utilizando a marca do “eu”, uma vez que a opinião é analisada como exclusivamente singular e isso soa tão íntimo, podendo enfraquecer o discurso, afinal “ é um só uma julgamento individual”, sem análise impessoal do problema.
Talvez esta mudança não faça muito sentido para o redator, já que para ele tudo é julgamento e o resultado é o mesmo, mas não é! A escolha do vocábulo altera o sentido e a intencionalidade do texto, como afirma Ferrazi, um grande semanticista:
Além da habilidade de inferir o sentido contextualmente, outra habilidade imprescindível é aquela relacionada à adequação vocabular. Estamos falando da capacidade de reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de determinada palavra ou expressão. (...) ao optarmos por uma ou outra palavra, podemos atingir mais facilmente nossos objetivos.
(FERRAREZI, Celso)
Assim, a marca do “eu” não é proibida, porém seu uso pode impactar na qualidade do argumento, desta maneira o uso da terceira pessoa é o mais indicado para textos dissertativo-argumentativos solicitados em escolas, exames nacionais, concursos e vestibulares.